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Um pouco sobre a [esquizo]análise

"A esquizoanálise [...] não esconde ser uma psicanálise política e social, uma análise militante [...] ela se propõe mostrar a existência de um investimento libidinal inconsciente da produção social histórica, distinto dos investimentos conscientes que coexistem com ele."

(Gilles Deleuze & Félix Guattari, 2010, p.135)

“Deleuze chama de clínica a confrontação dos dispositivos de desejo que permitem fazer com que novas especificidades apareçam”

(Monique David-Ménard, 2014, p. 58)

 

A análise é um processo no qual se pode se debruçar sobre o pensamento (entendido como potência criadora) e acompanhar os modos de produção da subjetividade. O processo analítico visa dar passagem aos movimentos do desejo, produzir outras formas de sentir e perceber o mundo e a si mesmo e questionar modelos instituídos que foram se/nos compondo ao longo de nossa história.

Baseado na perspectiva teórica da Esquizoanálise, criada pelo filósofo Gilles Deleuze e pelo psicanalista Félix Guattari, o processo analítico, tal como o proponho, procura produzir formas inusitadas de subjetividades e investigar os funcionamentos do desejo e do inconsciente. A partir da escuta, da afecção, da fala e dos encontros com o analista e com outros domínios da vida que podem potencializar a análise (como a arte, a música, o cinema, a filosofia, a política), busca-se criar outras "paisagens existenciais", outros "mapas", outras "cartografias" intensivas.

Assim, diante de problemáticas que se manifestam em nossas vidas em forma de sofrimento, crises, angústias e/ou impasses, os encontros clínicos podem funcionar como um espaço de acolhimento, reflexão e criação. Não se trata, na análise, de se buscar algum tipo de “modelo de felicidade inatingível” ou alguma “receita pronta para resolução de nossos problemas”, mas justamente de potencializar estratégias de confronto com aquilo que nos aprisiona, nos paralisa e nos faz sofrer. O que pode ser potencializado? Quais afetos nos atravessam nos encontros cotidianos? Com quais máquinas desejantes nos conectamos? Como podemos inventar e recontar outras histórias sobre nós mesmos? Como podemos narrar as experiências que fazemos de nós e que fizeram por nós? Esses são alguns dos questionamentos que procuramos produzir/inventar/criar nos encontros analíticos.

"O que significa curar, hoje? Não significa, evidentemente, combater a estratégia de resistência de quem sofre, pois esta estratégia lhe permite manter-se desejante. Curar é seguir adiante nessa possibilidade mesma, dando-lhe um pouco mais de ar, para que uma vida que resiste pelo sofrimento possa inventar, no mundo e contra o mundo, o seu próprio modo de ser" (Gondar, 2004, p.10)

Referências:

DELEUZE, Gilles & GUATTARI, Félix. O Anti-Édipo – Capitalismo e Esquizofrenia I. Tradução de Peter Pál Pelbert. São Paulo: 34, 2010.

DAVID-MÉNARD, Monique. Deleuze e a Psicanálise. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014.

GONDAR, Jo. A clínica como prática política. Lugar Comum (UFRJ), Rio de Janeiro, v. 19-20, p. 125-134, 2004.

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